16 novembro, 2005

Minha Casa

Links de Juliano

LINKS :
DIÁRIO DE BORDO -
www.diariociclobrasil.blogspot.com

PERMACULTURA - www.ecocultura.blogspot.com

DENÚNCIAS ECOLÓGICAS - www.denunciasciclobrasil.blogspot.com

SÍTIO PEDAGÓGICO - www.sitiopedagogicobrasil.blogspot.com
DIÁRIO DE POESIAS
Juliano de Paiva Riciardi


Este diário de poesias é formado por escrituras que Juliano de Paiva Riciardi, um poeta paranaense de 32 anos de idade, vem percebendo, anotando, colecionando e refletindo seu processo criativo através das poesias escritas, desde sua vida como poeta, quando iniciou a mais de dez anos, até os dias de hoje.

Juliano é um poeta pisciano, desterritorializado, que veio a este mundo em 23 de fevereiro de 1973. Nasceu em Cianorte, Norte do Paraná. Quando tinha seis anos de idade seus pais e mais 3 irmãos (2 irmãos e 1 irmã), mudaram-se para Jandaia do Sul, outra pequena cidade nesta região. Depois quando completou 10 anos, foram todos morar por mais 2 anos em Londrina. Após 2 anos, foram para Maringá, onde a partir de lá começou anotar suas poesias.

Ainda com 18 anos retornou a morar com o pai em Londrina, e depois de mais um ano, resolveu ir para o litoral de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Lá residiu por mais 6 anos, onde estudava Oceanografia e iniciou suas viagens de bicicleta e carona pelo interior e litoral do Brasil. Após 1999 escolhe morar em Rio Grande para possibilitar realizar o curso em Artes Visuais. Agora o poeta viaja e tenta fazer os outros viajarem...

Poesias a partir de 1999....


Rio Grande/RS – 1999...

Vida e Morte
A morte da fome
Um dia há de morrer
Todos morrem
E morrem de fome
A fome da vida
Passa por um momento
E em outro
Some...
22.04.99


Não agüento este ponto
Não agüento
Estoura
O medo do arrebento !
18.05.99

As vezes o mundo é assim
Outras não reconheço
Te sinto teus olhos brilharem
Te sou e te quero
Ao ver o bastante não basta
Retiro a máscara
A vontade da troca
Que me satisfaz...
28.08.99


Não sinto
Cinto
Estado de sítio
“in sito”
cito
insisto
cisto
02.09.99

Quem sou Eu ?
Fui perceber a mim
E encontrei uma outra
Um outro
E outros
Ao mesmo tempo
Éramos nós
Eu, eu e eu
Não notei a personagem
E sim um reflexo de um espelho
Representado em fragmentos
Era uma imagem diferente
Estranha, subjetiva e incompreensível
Alguém que ainda
Estava por vir a ser eu...
09.09.99

Rio Grande/RS – 2000...
Praia Brava


Caranguejo

Por de Sol

Proteja as Dunas

Vista Aérea

Paraglider

Lagoa-Mangue

Canal

Bromélia

Surf

Turtle


Tenta-ativas
Tenta
Tenta
Tenta
Tantas
Tantas
Tontas


Rio Grande/RS – 2001...

Tudo do Nada
A existência do ser
Ausente de ser
Num vácuo infinito
Desaparece de repente
Basta acontecer
25/11/01

O ciclo da Vida
A Grande Árvore
Solta suas velhas cascas
Recicla...
Para nascer nova-mente inteira
Na próxima estação
27/12/01

Barco Furado
É fácil pular do barco furado onde os remos já se foram a tempo.
Quanto mar para remar nesta imensolidão...
Quantas mãos para segurar por estas correntezas incertas da vida.
Onde será que estaremos depois do tufão passar
Em que praia ou que ilha será que iremos parar
Só depois...

Infinito horizonte
No pedal
De onde vem o vento
E nem vento contra existe
Um movimento para frente
E outro momento insiste


Como um pássaro
Cambaleando no ar
Com uma só asa
Faltou sentido
nesta confusão !


Extermínio da emoção
Um coração caído
Dois sei lá...
Uma batida a mais
E se foi...
Ensangüentado
no meio da multidão.

Quando as asas quebram
como uma tempestade repentina
o tombo é tão profundo
que tudo se desfaz....

Sem Poesia Você Existiria ? ! ?
Qual a Razão da Existência... ?
Existia... ?!
Você Poeta Refletia
Entre o Céu estrelado
Da noite...
E Nuvens Passageiras
Do Dia...

Vôo aéreo
Quando tirar os pés do chão
Segure as pontas do coração.

Livre expressão
Não sei falar o que penso
Mas tento passar o que sinto!

O Todo e as Partes
O Todo me disse das partes
De outro ponto de vista
Olhando o todo das partes
Encontradas totalmente juntas.

Seguimos reto mas fazendo curvas...

Equilíbrio Dinâmico
Pedais
Olhos
Acento
Pernas
Guidão
Ouvidos
Freios
Mão
Raios
Cabeça
Corrente
Coração
Bicicleta
Gente
Ciclo
Relação

Certo ou serto, afinal qual é o çerto?

Extra
Terrestre
Intra
Terrestre
Terrastro
Terraço
Terra astro


Não existe inspiração
pelo desgosto
Ela desgosta !

...biciclointeiro...

Criando palavras recicladas
Secadas no sol d’outro dia
Clarea o ciclo da noite
O homem que escreve poesia

Radical
Capitalismo
Capital
Capita
Capeta


Olhos
O que vejo
Além do mundo
Olhos...
O que lá no fundo
Você revela
Olhos...
Infinito é seu horizonte
Olhos...
Que me mostra
Toda a vida nos
Olhos...

Diluindo Ciênciarte
Espaços-tempos diluídos
Em perspectivas subjetivas
Mudanças : metamorfisadas
Rupturas bruscas / traumáticas
Ou um continium corporal diluído
A complementariedade complexa
De forma diluída
Da vida aquosa
De esperanças possíveis e impossíveis
De ser diluidor
Estar diluído
E diluir-se
Transmutar de uma a outra
Sem perder as origens
Da criação morfodinamicamente
De estados cérebro/espírito/mente
Em transição : trânsito da ação
Diluídos aos poucos
Ou repentinamente

Zoom Poético
Zoom Macro...
Apareceu lá em cima
Zoom Micro...
Desapareceu lá embaixo
Zoom Cósmico...
Cosmética Ética
Estética do Cosmos
Cosmos todas e belas óticas

Desenh-in-forma-ação
Cada forma
Tem seu próprio espaço-tempo
Que se transformam
No macro e microcosmos
Ao mesmo tempo...
Uma forma-deforma a outra
Com in-formação...
A ação no espaço
desenha a contraforma
e esboça a imaginação...

Mitologia
Sementes de maça
Castelos de areia
Árvore frondosa
Rabos de sereia

Suaves ondas
Que levam
De um sentido para o outro
Que vem tão mansinho
Que balançam
Como pêndulos da vida
As vezes secas
As vezes molhadas...


Rio Grande/RS – 2002...

Onde ?
Quando?
Como?

Te acho !
Te amo !
Riacho !


Roda
Gira
Cabeça
Me
Faz
De
Besta


Ser-de-Forme
Não me delimito
Se o horizonte é infinito
Sou ser dissolvido
Assim não me omito
Me permito
Ser isto ou aquilo
Ser um só : me irrito
E se não deixarem ser um pouco de tudo
Eu grito: tudo parece um fúnebre rito !


Volta Criança
Eita outra vez
O adulto se desfez
E fui andar descalço na chuva
Jogar bola na enxurrada
Com a minha moçada
Andar pela calçada
Fui pegar gripe e bicho-de-pé
Para algum adulto me xingar
Fui estragar a paz dos injuriados
Dos velhos ranzinzas e suas rugas de preocupação
Fui brincar com minha criança
Que de vez em quando
Caia de bicicleta
Mas não perde a esperança.


Crise da Razão
Toda inteligência de um ser em decomposição
Não é nada além de não ser não
Não sabemos o que não sabemos
E continuamos certos entre a vida e a morte
Procurando desejos insólitos
Em mundos palpáveis, insetos na palma da mão
A distância se refere ao objeto
Não ao processo da vida
A vida é uma viagem diluída
Nas vivências é que se comprova
A vida é incontestável
Quem contesta não vive
Testa com a testa
Certificados também são incertos
O que sei o que é certo
É um infinito incerto
De certos ou sertos ?


Carinho Digital
Dos pés à cabeça
corpos crus todos virtuais
de peles ásperas e rugosas
ao tato do teclado
suaviza o cheiro
da ausência orgânica.
De faces digitalizadas
e bocas coladas
em bitz mansinhos.
No escuro do quarto
os olhos se fecham
ao tirar da tomada
a eletricidade dos sorrisos.
Apaixonados por horizontes
de telas planas
e profundos abismos
de sentimentos e programas.
E os quadris modelados de 4 cantos
das formas quadradas do prazer.
Mãos que deslizam clicando
o seio do imaginário
imprimem a força gostosa
do vai e vem da hora.
Com a mente distante
do fio de cabelo
conectada ao telefone
disca o seu nome...
- 01.08.02 -

Viagens de Passarinho
Hoje voei mais cedo, não gosto de falar da real-idade, gosto de criar maneiras novas de in-ventar mundos.
In-vento-mundos....

As vezes gosto de ficar mudo, não ter o que falar, não querer falar. Gosto de escrever o que penso, o que passa, por de dentro de mim. Gosto de escutar música e viajar na melodia, como uma sinfonia da vida que consegue nos carregar. Um vídeo clip do qual somos o personagem central, descentralizados...

... o som nos enche de vontades e ações que não serão possíveis, outras vezes, sim. O violão de fundo preenche um vazio infinito que se dissipa no ar. O ritmo, feito fogo, aumenta aos poucos, acelerando o coração, uma louca paixão invade o ser total numa velocidade da luz, que grita, pula e mexe com todos os sentidos.

A alegria instantânea chega a impulsionar os desejos e liberta a alma no vácuo puro. Estamos soltos para uma queda livre, sem as barreiras do vento, sem assobios e acentos.

Rachar a cara de quem ficar por perto, espatifar no chão no ritmo certo do salão. Realçar o instante com as mãos, único momento, que pode não ser, nunca mais...

... cuidar com carinho o rosto fadigado, em sangue escorrido e figuras mutiladas ao nosso lado, sem mudas de roupas, maltrapilhos do destino, meio fio cortante em fatias desiguais de um pobre menino.

Desejos concebidos desprovidos de sentidos, para lá e para cá, rodeados de cinismos, circuitos viciosos, várias facas de muitos gumes. Entra no corpo arrebentado de ser descorporificado. A máquina que produz desejos desjeitosos, espera os filhos nossos, os próximos...

Agüentar sem fuga pode não ser a saída, quando a vida se apresenta de frente, de peito aberto, acertar no alvo, da emoção, de um coração por perto...

Se perder do caminho pode acontecer. Ao saber que estamos sem rumo, os abraços remam sem direção, atraca aos poucos no corpo, de uma nova paixão...

Posso até amar a solidão, e assim mesmo, te dar as mãos. Posso amar sua boca, dizendo besteiras, amar ao seu lado ou mesmo distante, e de várias maneiras. Podemos nos completar em viagens cósmicas, como os dois passarinhos que querem se conhecer...

E nesse meio caminho, promovem juntos uma revolução. Agüentar o vácuo de um buraco aberto em nossos espaços, com medo e prazer, escolhermos uma suntuosa árvore para estabelecer o ninho ...

Dar um rasante com a corrente de vento para depois nos equilibrar, o tempo passa em nossas asas em outro rasante pra não ficar sem graça, uma pirueta outra rodopiada, para encantar a vida, e a namorada.

O fogo que acende o coração estampa um sorriso alegre contaminando o entorno. Amar é revolucionar o todo. Chacoalhar os esqueletos humanos, desmascarando-os seus planos, num pano de fundo profundo...

Desejar um beijo gostoso, meloso, mil possibilidades do gozo. Poder beijar seu rosto fervoroso, no contato imediato que não deseja desato... Imaginar nós dois colados, rodopiados, adormecidos no ninho, quentes e entorpecidos...
- 01.08.02 –

Gestalt Aventura
São fortes as emoções com que estou acostumado. Os ventos-vendavais, no mar, soltam a imaginação pelos cabelos rebeldes no ar. O sopro azul e forte que mostra o caminho dos aventureiros descritos em diários de bordo. Desenhos de paisagens imaginárias surgem na curva do mundo. A intensidade é um contraste, de correntes dinâmicas de múltiplos fluídos. O movimento ação é o momento, tempo, espaço e deslocamento. No viajar suave da brisa que desliza por cima, baixinho. Ou mesmo, um manso carinho que escorre do corpo todo, o sussurrar, o medo, o êxtase quentinho...
03.08.02

Doce Amarga
Revela
Doce
Amarga
Sua
Boca
Me leva
Doce
Amarga
Sua
Força
Apela
Doce
Amarga
Sua
Louca !
11.08.02


Medo
Medo escondido
Dos sentidos
De se entregar
Totalmente cósmico
No inseguro
De cair no vazio
Um arrepio
De repente
Sente
Paixão!
28.08.02

Menina Mulher
Delicada loucura
Corda bamba
Faca de dois gumes

Fogo vermelho
Forasteira paixão
Carne candente
Mordidas e dentes

Revolução da molécula
Asas do chão
Vôo de ícaro
Vida de ilusão

Novo tempo
Fantasia amorosa
Espaço apertado
Boca fogosa

Corpos abertos
Sopro ousado
Vento da tarde
Nós lado-a-lado ...
28.08.02

Biciclointeiro
Sou um ciclista errante
Que tromba de cara com a vida
Meu ciclo é sempre constante
Renovado pelo caminho...

Adormeço em braços e barracas
Nas fogueiras de luas cheias
Escuto a natureza e araras
Surpreendente por sua beleza

Sou um ciclo vicioso
Sedento por aventura
Viajo pelas estrelas
Mochileiro, vôos distantes

Mantenho minhas relações
Como os ciclos amores
Tento passar liberdade
Felicidade além dores

As ciclo interações humanas
que troca, cativa, me toca
Como pele queimada do sol
Escurece, forte e acende.

Meu pedal é com muito cuidado
Me arrisco se precisar
A estrada sou eu quem traço
Por mapas e derivas

Minha bagagem são necessidades
Que quero saber tratar
Se cidadão do mundo sou
Vou me ciclo reciclar...
29.08.02

Minhas Namoradas
Me relaciono com todas as mulheres do mundo
Por onde passei, passo a passo
Amo todas elas e tenho saudades
Eu queria estar com todas elas
Podendo existir com todas elas
de uma só vez...
29.08.02

BASNOVAS
vida jovem
liberta e larga da mente...a luz cinação naveia
d aventura tonturaa
doce, desce de repente derrapa...
...ersente...
... porumomento
e nunca mai...
as voltas são mesmas
de ciclos
decifros
e
i
nov a ç ã o
06.10.02

Paixão em Alto Mar
De encontros e encantos se faz a vida...de futuros presentes que o amanhã se torna forte o passado que existiu entre nós...

...te voltar és direção incerta onde jogamos de salgueiro a vela em mares perdidos... nos horizontes de ventos fortes, recuperamos vontades das paixões enlouquecedoras, ao infinito amor...

Não temos os tempos certos em ondas distantes e praias que abrigam nossas lutas... que libertam nosso espírito caranguejo maria farinha, que percorre de lado suas areias entranhas que se faz com cuidado um carinho gozoso...

Oceanos profundos de sentidos mudos, do eterno retorno aos reencontros dos fluxos ...desejantes... se faz em mulher, a amiga e amante, os ciclos de maré instantes, de altos e baixos, sem medo de querer se espatifar por todos os lados nas rochas duras ou em suaves brisas que se evaporam nos suor dos poros por dentro de nós...

Estou esperando te escutar em ritmos e melodias que o computador não pode passar...

O carinho digital as vezes faz bem outras faz mal...

As belas poesias que me envias não contas as texturas que são só suas...

Mas não canses de enviá-las, pois ainda assim, a alegria que me emanas pode contaminar entre linhas...
08.11.02

Corpos Anti-transpirantes
Sinto a falta de sua poesia vazia que se perde pelo ar... anti-transpirante...Que afeta a ecologia dos afetos em todos os momentos de nossos dias quentes...transpirados pelo suor dos rostos colados de lado...... o mal cheiro das minhas palavras invadem os micro poros dos seus sentidos...Pelos ouvidos entram um som suave que quase nos desfaz.O outro momento do exercício que esquenta as almas em latentes chamas de dois gumes...... uma insalubre forma de sermos um pouco mais eu, você e o cosmos...... uma cosmética indelicada de cheiros e desejos de um gostoso beijo..19.11.02
Comendocê
Desejo seu beijo por um queijo
Junto uma gostosa goiabada
Nos seios vermelhos da namorada
Um lanche romance
Doce, salgada e distante
Do melado gozado
Em momentos inesperados
O fio do ovo amarelo
Escorrendo seus cabelos algodão doce
Pernas torneadas de pirilito
O corpo todo espetado num pau-lito
19.11.02

Retro Visor
Quando me ponho a expressar
me perco numa derrapada curva da vida
que me apresenta de repente à frente...
Escapada triunfante da alma
desenhada em letras, palavras, frases
e meio poesia de estrada
... melodia...
... melo dia ...
meio dia
Com nadadeiras de tartaruga
mergulho fundo em palalgas marinhas
que me aninha em seus entremanhados seios
Quando me proponho amar
escapo das idéias calculosas pelo retrovisor - retro visão –
de uma bicicleta em movimento...
...me sento no à cento sendo embalado pelo vento...
24.11.02
POEMAS DE VIAGEM


A arte dos Descobrimentos
Das revelações profundas
Espanto das almas
E a consciência do que não tinha
O despertar de outros
De Eus
Na revelação de filmes
De negativos a positivos
De algumas coisas ainda
Misteriosas...
Em maneiras diferentes de
Viajar, de tratamentos,
De gostos adquiridos
Nesta transformação contínua
Do dia-a-dia, de adaptação
E pé na frente, dedo no asfalto,
Pedaladas persistentes e
Dedicação
Pouca recusa ao não
Força na fé de Deus, decisão
A arte de descobrir a direção.

Um oceano
Dois oceanos
Trinta anos de Oceano
Uma vida toda no mar
Um mar todo de vida
O peixe fora d’água,
Poucas vezes vira comida
O ar que se respira
Poemas no ar...
Momentos que te inspira
Oceano que nos pira
Uma onda que sobe
E que desce,
Esbranquece calma na areia da praia
Muita areia, pouco caminhão
Muita água, muita paixão
E o sol que antes era quadrado
Hoje nasce no horizonte do Atlântico sul
Vermelho e amarelo
Natureza completando o elo
O elo belo do cogumelo...

Deserto
Tão longe...
Tão perto...

Poucos movimentos
Uma só ação
Ventos que carregam areias
Tudo por conta da emoção.

Tamanho de natureza desproporcional
Amazônia ao vivo nada igual.

Infância diferentes de outras
Sobrevivendo da solidariedade de outros
Dias sujeitos ao sim
Outros não...

Árvores e frutos
Que lá no Sul não conheço
Formas e cores
Que aqui no Norte
É só o começo.

A lembrança de tempo
Dá saudade do espaço
Amizades à distância
Nesta estrada é o que faço.

A balsa lenta
No leito do rio
Tripulação quente
Poucas vezes
Se cobre do frio
Dias que não passam
Entre noites de tempestades
Que provocam arrepios.


Areia no deserto
Certeza infinita
Constância...
O vento sopra
A alma irrita
Fica mudo
Estranhos barulhos
O sol enfurece
Predominância...
De múltiplas cores
Do branco ao vermelho
Irradia
Queima a pele que arrepia
Forma sombra nos lençóis
Eterna
Vigilância...


Cachoeiras pedras de cristais
Tromba d’águas
Nos imprevistos
Desenformados dos perigos
O bem estar no mesmo lugar
Energias ocultas
Aqui, ali, não sei aonde
Procure
Inspire e ela estará
Misticismo nos cantos de uma bola
Inigualável sensação
Experiente com razão
Uma gota
Da Chapada dos Veadeiros
Chapadão...


Quem apagou as luzes
Onde estamos...
Toquei em algo?
Alguém aí?
A um palmo da visão
Me guie, onde piso, água?
Neste caminho jamais estive antes
Foco por favor
Cuidado!
Tudo aqui é sagrado
Só o tempo é quem sabe
Escuro, escuro, escuro
Que barulho é esse ?
Terra ronca.


Viagem de descobrimentos
De revelações profundas
Espanto da alma
E a consciência que não tinha
Um despertar de outros Eus
Revelação de filmes
De negativos
E positivos
Alguma coisa ainda misteriosa
Malícia
Tratamentos, gostos adquiridos
Transformação contínua
Adaptação
E pé na frente
Persistência e dedicação
Poucas recusas
Força de vontade, decisão
Boa índole
Fé em deus
Cabeça (prá frente) erguida
É só seguir a direção.

Boto Vermelho
Que Cousteau pintou e bordou
De cor-de-rosa
Que da cultura e folclore
Se tornou da mídia
Globalizou...
Ficou conhecido, descaracterizou
Banalizou...

Uma flor indica beleza
Do outro sentido, poluição...
Certa sabedoria e alguma razão
De outro modo, insanidade
Incoerência e perdição
Bio-indicadores
Da destruição.


Amazônia mistério do mundo
Sinta-se um aprendiz da natureza
Implacável com seus filhos
Os filhos da Terra sacrificada
Dos índios e brancos
Que se fundiram
Que se foderam...
Restou apenas uma raiz no inconsciente
Uma vaga lembrança
Do que já foi
Na presença de uma mata verde
De um boto vermelho
De um rio negro
De uma sombra
Do mistério...

Muito lixo foi jogado no rio
O peixe olhou pro homem e sorriu
A natureza incontestável interagiu
Olhou pro lixo, olhou pro peixe, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem achando certo, olhou pro lixo, olhou pro peixe e sorriu
O peixe que nada entendia, olhou pro lixo
Olhou por cima, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem que comia o peixe
Foi pescar o lixo que sorriu
Pois do seu olhar o peixe sumiu.

O boto e o menino
Um dia o boto apareceu
Menino
Menino sorriu, pulou e brincou
- Boto posso brincar contigo?
- Tá doido menino?
Tenho que trabalhar
Evite jogar lixo no rio
Para um dia nós brincar
O boto já foi indo
E o menino foi pensar
Será que o boto é lixeiro
Ou ele gosta de nadar...


Um dia saí para pedalar
Eu e a magrela.
Encontramos muitas coisas assim
Outros assados...
Mas tudo que vimos
Foi engraçado

Um momento do futuro
E outro do passado
Minha bicicleta queria mais
Passear pelo Brasil
Da Amazônia ao Cerrado

Íamos dia a pós dia
Conhecendo cobras e veados
Sempre com o sol na cabeça
Pessoas humildes ao nosso lado

Foi uma pedalada e tanto
Alguns pneus furados
Raias, aros,
Cabos e câmbios trocados

Eu e minha bicicleta
Descobrimos uma aventura
Armamos a barraca
Na mãe Terra natureza
Respeitando sua vontade
Viajamos com firmeza

Teve chuva, teve vento
Barraca molhada e tormento
Foi uma grande brincadeira
De criança grande
Mas sem mamadeira

Percorremos muitos mil quilômetros
Até gastar o pneu
Foi quando percebemos
Que estávamos muito longe,
com sono
cansados.
Só ela
E Eu

Crianças no Rio Amazonas
Onde encontrarei
Esta face outra vez
Soprou como um vento
E se desfez !

15 novembro, 2005

As mais antigas....


Maringá/PR - 1990...

(...)
As atitudes do ser humano...
Não são humanas...
Não são legais
Pensamentos...violentos...
Atitudes animais...
Conclusões de uma vida...
Vida infrutífera
Vida não vivida.

Inverdades
Certeza nunca mais
Pureza também não
Calúnia é freqüente
Mentira sempre...

Algo: Amor
Como reclamamos da vida
Se algo quer viver
Mas algo não vive
Só morre...

Deturpação Mental
Vulcão enfurecido em larvas
Castigada com palavras agressivas
Vindo buscar algo em ventos saturnos
Louvor que vindes do céu dizendo
Culpadas almas terrestres
Que libertam do cúmulo ao túmulo
Caindo na podre vida
Campos de triunfantes batalhas
Cortejantes facas de dois gumes
Corpos que não agüentam a existência
E cai no precipício vício...
Da cegueira, as estrelas
Turvando na estrada delinqüente
Na qual escorre o lábaro do suor
Para obter o obus para a guerrilha
Marchar porque ? pois manchado está !
Mas louvemos ao espírito infinito
Por problemáticas aparências
Na qual desmancho em prantos
Reserva do nada, quando aberto
extravasa idéias vicênias
Mas requintadas por tolos viventes
Num saveiro perdido nos mares.
16.04.90

O Destino
Arrebentar-se num mar de solidão
Desbravar a vida com as próprias mãos
Saltando obstáculos quase impossível
Mas nossa resistência é invencível
Batalhando por um futuro que não existe
Dando de tudo para que se consiste
Uma vida triunfante
Provando a todos que não desiste
O caminho é o destino que traça
Mas no mundo tudo passa
Como a morte leva a vida
E a cicatriz cura a ferida
Mesmo assim fica o buraco
Sendo no peito ou no espaço
Nunca podendo ser esquecida
Pois aqui não existe vida
19.04.90

É Amor
Quando ele existe
Simplesmente não sei
Mas mostro que ele existe
Pois um dia já amei
Provei dele o tudo
Até hoje não sei se gostei
E de seu conteúdo
Infelizmente provei pequei
Antes não provado
Porque sofrer por pouco ?
E contudo ele foi procurado
Ai que foi... fiquei louco
Amor é o principal
Sendo que isso nem todos procuram
Tendo em mente este ideal
Que de tudo é igual na vida ilegal
De todo nosso mundo bêbado
23.04.90

Protesto Animal
As imbecilidades do homem são enormes
Suas idéias nunca entram nos conformes
Proliferando as desgraças
Com o tempo tornando-as palhaças
Vivendo com a sua débil mente
Cada vez mais incoerente
Convivendo com o ódio
Nem se quer olha para o relógio
Viciado em querer dominar
E sendo dominado pelo tempo
Deixando de andar pra ter que voar
Variando de vento em vento
Bombas atômicas vão ser lançadas
E suas cabeças laçadas
Pelas mãos do Espírito Divino
Mostrando a esses suínos
Que são burros !
26.04.90

ASAS
Desgraça
Desgraça
Desgraça
Fumaça
Fumaça
Fumaça
Caça
Caça
Caça
Assa
Assa
Assa
Mordaça
Mordaça
Deus
Traga
Graça
01.05.90

Delicadas palavras
Entram em seus ouvidos
E no meu rosto ingênuo
É marcado o tapa
Ingrata !
10.05.90

Ainda Falo
Pelos caminhos obscuros caminho
Larvas efervescentes encontro
Destruindo meu ninho
Causando certos desencontros
Pauso para poupar meu fôlego
E subo o topo
Para ver se topo
Seguir a trilha para onde ?
Quem sabe pro Cu do Conde
É lá que o demônio se esconde
Vou para o Raio e não sei
Se dele você parte.
Quero doar meu coração
Dele já me cansei
Não sei se faço uma canção
Tenho medo do refrão
O medroso medo que declaro
Em versos, prosas e poemas
Procurando com os temas
Temer o tolo do medroso medo
10.05.90

Vai voando os passarinho
Encontrando com meus pensamentos
Os primeiros vão para o norte
E os meus fugindo da morte
11.05.90

O futuro será mais belo
Quando eu olhar no espelho
E conseguir notar o passado
Que nunca estive presente
15.05.90

Palavras nos representa
A custo o grafite
Impresso no branco papel
Que poderia significar
Qualquer realidade...
15.05.90

Derramei em seus seios
Os lábios dolorosos do meu amor
Atordoando-lhe os sentimentos
De uma mente atordoada
De felicidade
15.05.90

Como caminho correto
Jamais cairei numa fria
O gelo já derreteu
Como beberei o Drink
Eu não ando nos trinques
E não moro em São Paulo
Quase não vou a praia
Mergulho como arraia
E não saio molhado
Nisto a chuva cai
Vejo algumas fumaças
Sou anti-drogas
Mas não é a droga
É a vida
É o mundo
15.05.90

Vagarosamente
Escrevo os sentimentos
Que muitos não clamam
Por tempestades
E sim por razões
Que só um coração
Expressa...
15.09.90

Procuro o lado do bem
Mesmo não tendo amor
Assim ainda
Encontro obstáculos
E viro a minha direção
Acho outros caminhos
Ainda que me faça sofrer
Mas satisfaço meu ego
Tendo o mundo nas mãos
E gargalho pra vida
Sabendo que sou palhaço
Do meu próprio circo.
25.06.90

Ingênuo
Se para você a palavra amor
Não faz sentido
Cubro meu corpo na cama
Que apenas sexo não quero
E para o amor quando vier
Me liberto

Dolorosa não é vida
E a máscara que vestimos
Para viver...
15.05.90

A evasão do meu sangue
Dá-se por violentas batalhas
Que travo com meu coração
31.05.90

O regime que eu faço
Não é dieta
E tão pouco militar
Regime da verdade
Pois é com ela
Que vivo minhas
Amizades...
... minha vida
31.05.90

De tantos amores
Que aqui vivi
O restante foi
Proveitoso

De você
Estou farto
Duelei com seu amor
Perdi, morri
Ferindo me
Com sua flecha

Como Criança
Ei !!
Espero por mim
Veremos o céu azulento
Cavalgaremos nos unicórnios dourados
Com a esperança solta aos ventos
Veremos as mais cintilantes estrelas
Como as de Hollywood
Viveremos incríveis emoções
Caindo,
Mordendo amorosas paixões
Bateremos na porta da esperança
Poderemos ver nosso destino
Mas que legal !
Já escuto os sinos
Razões ruins lá são esquecidas
E não insista
Vamos embora

Espaço
Agradeço o espaço
Permitido pela vida
Cicatriza o espaço
Antes uma ferida
Louvo o espaço
Que mora as estrelas
Procuro o espaço
Onde escondem as bandeiras
Vivo no espaço
E também os pensamentos
A vida é o espaço
O homem é o espaço

Quando Serei Alguém
Da mais bela rima ou tentadas rimas
Tento abri-me para o mundo
Dobradas e redobradas
Mas que merda não sai nada
Nasci do avesso
E tento me virar
Rolo como uma bola
Mas não saio do lugar
A vida é vista bela
Beleza, pureza, natureza
E quando o sol bate na cara
Tiro o óculos, estou cego
Tentarei ser alguém
Quando o sol se por
Eu alguém sinto dor
Olho no espelho
Sou o mesmo !

Parado no Tempo
No canto qualquer
Tento escrever
Busco entender
Repito outra vez
O efeito do amor
Bate em minha porta
Ou seria a dor
Mas que vida morta !

Droga Morta
Digas sempre não
Pois ninguém é herói
A cocaína corrói
Nosso coração destrói
Amor não tem heroína
Prefiro serpentina
Pra poder enfeitar
Meus desejos matar...

“Situações confusas...
... ações perturbas...

Conselho
Dom divino você não tem
E com isso é ser alguém
Nós somos o nada
Pois a vida ainda passa
Ache sei objetivo
Ainda que o passado dói
As cicatrizes tapa o tapa
Deixe de bancar o herói
Cuidado com o salto da vida
Onde o buraco é profundo
Pois nem buscamos a ida
Nunca entendemos o mundo

Resistir
Calmo só...
Solidão precoce,
nunca envelhece
Resistência é grandiloqüência
Fragilidade terrível
Olhar sensível,
aparência imbatível
vivendo a vida
levando a ferida
procurando a saída
resistência contida
pensa nele
pensa longe
pensa logo
resposta H
buscando revidar
estudos adora
nunca não chora
por pouca razão
resistência tradição
obstáculos não há
por tamanha ambição
meta de vida tranqüila
resistência atingida
amor abnegado
mal tratado
resistência cansado
resistência extremado
resistência acabado

Vinícius é rosário
Ele que dizia ser menino puro
Veio domais belo cerúleo
Boêmio, musicógrafo pra crusiário
Diplomatista, delimitou, cronista
Espalhou o sensualismo na Rosa
Caminhou a Ipanema de colunistas
Mas não atomizou a Bosa Nova
Figura tão mais que populacho
Desviou seu instinto de macho
Medrou sonetos nobrecentes
Soberbo pelos seus labores petulantes
Lançou raízes religiosas
Como momento da primeira fase
“O caminho para a Distância
e “Forma e exegese”
“Novos Poemas” e “Cinco Elegias”
Voltou ao drástico universo material
Em tom sublime buscando modelias
Abjurou a postura, à volta sensual
(Esse poema é dedicado a Vinícius de Morais)


Maringá/PR – 1991 ....

Quando me perco
Fico vagando levemente
Mas na praça ergo
Me sinto então gente
Na solidão, a batalha começa
E procuro então o amigo
Pois é so que me resta
Peço para caminhar comigo
Seu que não negará
Pois nele posso contar
Acharemos alguma saída
E então poderei lhe beijar
02.09.91

Londrina/PR - 1992...

Vida
Com
Cavidade
Cavo o
Corpo
Cá idade
Corro
Como
Colombo
Com o ovo
Grito socorro !
Nada ouço
Pois morro
03.09.92

Querência
Quero !
Tenho ânsia
Paciência
Ansioso mundo
Apresenta teus obstáculos
Sou atleta...
Sou poeta...
Pulo essa...
02.12.92

Ano Novo
Nasce um ovo !
Asas novas batem
Novos caminhos
A serem voados
Novo, imaturo
Pombo novo...
E essa massificação velha
Criar é ser novo, poeta
Mais um ano, de novo !
Velhos novos passam
Jovens velhos ficam
E essa velha massificação nova
Vivo a vida velha
Renovando o velho ano
O futuro está passado
Mas o ferro está novo
Vivamos ferreamente
Velhos novos anos
E novamente essa massificação
De velho...
De novo...
De ano...
31.12.92

Vai e Vem da Flores
As flores crescem
Para que cessem as dores
Num tempo, estarão murchas,
Não denotando que a
Felicidade também cessou
Pois te banharei em duchas
De prazer, que você me
Doou
Nesses vão e vem
Vem amores
Vão dores.
Flores...
Flores...
Flores

Não ao coração Maria-Mole
Não abra a boca
Deixe que as lágrimas rolem
É assim mesmo
Esta história se repete
Em outro mundo
Num mesmo coração
Igual ou diferente
Continuo amando indiferentemente
Quando falo é de você
E quando calo é em você
Tua liberdade é minha maior prisão
Um lugar sólido de areia movediça
Deixo minhas lágrimas rolarem
Como uma bola de neve que forma
Ao ver seu corpo frio
Petrificado, fechado para reforma
E eu...
Com minha picareta insistente


O futuro será mais belo
Quando eu olhar no espelho
E conseguir notar o passado
Que nunca estou presente

Amor
Carinho sincero
Ato mais sério
Um dia imaturo
Audaz no futuro
Ações cuidadosas
Admiro as rosas
Tratado gostoso
É meigo piedoso
Quando flechado
Cega corações
E ai machucado
Desperta paixões
Todo perigoso
Muito majestoso
Liso como lodo
Imenso o gozo

14 novembro, 2005

POESOFIA


– POESOFIA -
Juliano de Paiva Riciardi

Um dia desses, desses que estamos por aí, caminhando em estradas de barro, com os pés descalços e a alma sossegada, quando bem de mansinho algo muito próximo implodi de repente. Um arrebento por dentro, estouro interno, tormento, desses que, nem se compreende e vem em universos...

Acabei descobrindo
o descoberto
uma abertura
no tempo
mistérios
do universo !

Foi um episódio de revelação, um fato contemplativo, subjetividade diferente, anotei a poesia que saia, o entusiasmo criativo que causei. Nem sabia o que era isso, e no caminho fui percebendo, correndo o risco, que era simples, bastava deixar deslizar as coisas da cabeça, o fluir das asas da imaginação, acordar os devaneios perdidos, aceitar as músicas das letras e abusar da dança das palavras com carinhos e rodeios...

Imaginação
de portas abertas
janelas ao vento
pronta para
bater asas
ao momento
louca desvairada
em seu movimento...

Depois fui notar que era mais, mais simples ainda. Não me importava com o ritmo, ou compasso, era a ocasião que causava inspiração. Aos poucos penetrei na alma suspeita, se era isso o que escrevia, seria mesmo poesofia ?

Seguimos
reto
mas
fazendo
curvas

No descompasso, segui meu passo, fui me conformando, confortando se ninguém lesse ou entendesse. E eu já escrevia, para mim fazia bem, para o outro, depois também...

Criando palavras recicladas
secadas no sol d`outro dia
clareai o ciclo da noite
o homem que escreve poesia

Eram motivos de vida, essas coisas que a gente inventa sem muito sentido sem muita saída. Brincar com os amigos e fazer sorrisos. Ao perceber nos acontecimentos as próprias poesias, extraindo da natureza que cria, algumas sensações que se faz em letras, palavras, frases em emoções, em ritmos feito sinfonias, em sintonias com os ciclos da minha vida...

O ciclo da Vida
A grande árvore
Solta suas velhas cascas
Recicla...
Para nascer nova-mente inteira
Na próxima estação...

Aí, nessa velha árvore parada, uma velha amiga corre, um velho mito, uma metáfora viva da vida, que se descasca de tantas máscaras e que também se renova a toda hora. Em suas mutantes formas de ser, também serão trocadas com o amortecer. Que necessita retornar ao berço e perceber o velho para se rejuvenescer, voltar a ser criança e buscar crescer...

A diferença
está na crença
de quem iguala
a vida a todos
e cresce
nasce
vive
e rejuvenesce !

Com o tempo vai notando que poesia não precisa de virgula ou ponto, mas se ele ou ela tiver, entendo que faz diferença e pronto. Pode ser nas meias palavras, nas distâncias entre elas, no traço entre uma e outra que se encontra toda a magia, a expressão da poesia tantas tentativas tentar...

Tenta-ativas
Tenta
Tenta
Tenta
Tantas
Tantas
Tontas

Pode ser que não, que nas tentativas tudo seja emendado, que o espaço faz sentido, deixando a forma ter contexto, uma poesia como desenho de texto. Joguei-me nelas, e de repente descobri que o tudo e o nada são irmãos da imaginação...

Tudo ou Nada
A existência do ser
ausente de ser
num vácuo infinito
desaparece de repente
basta acontecer

Quando procuro insistir num ser, em um cara, em um sujeito, identidade e nome próprio, me deparo com ninguém. Ser alguém, é muito fácil mas não quero ser você. Nesse infinito de idéias, se sou não sou, agora estou sendo, ofusca-me pensar ser, tenho que simplesmente ocorrer...

Crianção !
De instantes criação
pensar é agir
um só ser
acontecer...
romper...
extrapolar...
invertebrar...
interagindo...
sorrindo...
imaginar...
o mundo que queres
só você pode te dar !

O poeta é assim, cria e recria seu mundo de palavras. O vazio é seu outro aliado, quando se enche dele, surgem formas informes que parecem com coisas nenhuma. Efeito vácuo, meio oco, meio cavo...

Jovem demais
Calvo a idade
chego a um fundo branco
a vida me leva experiência
estou ficando novo.
Acaba e nasce de novo, com novos modos, sem esses módulos que depositam em nós. Nasce com outros nomes, outros novos desejos de afetos e beijos. Feito beija-flor, que de tanto rodear a sua amada planta, pousa e lhe faz carinho com a ponta de sua língua. E logo, se despede e parte a procura das outras plantas que te esperam tão femininas quanto esta...

Onde encontrarei
esta face outra vez
soprou como um vento
e se desfez...

Ao tempo, a vida é curta, na poesia ela se alonga, ela se estica, se estende sem forçar. É que poesia é meio elástica maluca, ela não se esforça pra nada, sem jeito e sem preconceitos ela só é por ela amada...

Tabus
tabuleiros
tudo uma prisão
tudo um só xadrez.

Não se deve por tabus na poesia. Proibir a poesia de nascer é mutilar mais um ser. Ela acaba de romper da ilusão, do coração do poeta que consegue descrever aquele único momento jeito. Temos que deixar os poetas escreverem suas fantasias, suas alucinações, porque sem eles e sem elas a vida ficaria sem som, tato, gosto e olfato...

Ilusão
Enquanto sonhava
pensei que vivia...
Pensei que pulava
enquanto caia...
Quando chorava
na verdade sorria...
Na verdade estudava
enquanto aprendia...
Imaginei eu parado
viajando corria...
Viajando em seu mundo
percorri os meus dias...

As poesias são devaneios, são saudades, são românticas. Mesmo num romantismo bruto, violento o poeta consegue trazer a tona seus anseios, seus fantasmas cemitérios, seus conflitos amorosos, suas guerras apaixonadas, campos de batalhas e flores...

Jardim Interno
Cravo-me em lutas
Violetas ânsias surgem
Rosas em vão
Cactos de mim
pobre floricultor

Na verdade, as palavras sempre dizem além do que parecem dizer, elas subscrevem seus sentidos através do vaivém das cooperações múltiplas das letras, de seus radicais que se transformam em preferências...

Radical+mente
Capitalismo
Capital
Capita
Capeta !

Todo pensamento tem suas ideologias, analógicas, os poetas também fazem isso de ordem imagética. Tesoura palavras e decompõe em idéias, não muito mais claras, mas costuradas com efeito, eles sempre dizem algo...

Não sei falar
o que penso.
Mas tento passar
o que sinto.

O sentir é particular, são partículas no ar, que se aglomeram e se dissolvem para transitar. Um trânsito efetivo com afeto intrínseco e extrínseco. A poesia percorre por todas as partes, para depois se completar em uma criatura que a mastiga e a devora, por dentro e por fora...

O Todo e as Partes
O todo me disse das partes
de outro ponto de vista.
Olhando as partes do todo
encontradas totalmente juntas.
Assim que o vento passa, já é outro momento, escuto o que contamina o ar e documento. A poesia escrita é um relato vivo que acende um embalo, origina um rito...

Como Vivo
Comovido
Ando
Comovido
Faço
Comovido
Falo
Comovivo
Alternando

Um embalo alternado de sem fim de alternativas que ainda não existem e podem ser percebidas. Que do medo rompe em expressão, um estouro forte no peito, ou um alegre balão...

Turbilhão
Não agüento !
Esse ponto
Não agüento !
Estoura
o medo
do arrebento
Porque se cada universo cósmico, e mar humano, tem seu subjetivo movimento. Se a passagem for para sempre, sempre estaremos a favor de uma direção de vento...

Suaves ondas

que levam

de um sentido para o outro

que vem tão mansinho

balançam

como pêndulos da vida

as vezes secas

as vezes molhadas...

É meio movimento lento de velocidade infinita, um movi mente, que sente. Um eterno retorno do espaço tempo, um duradouro continum, um philum dourado e inacabado...

Infinito horizonte
No pedal
De onde parte o vento
E nem vento contra existe
Um movimento para frente
E outro momento insiste
Tem poetas ciclistas, e artistas misturados. Filósofos esportistas, aventureiros cientistas. Loucos todos são nesse mundo complemento...

Arte + Ciências
A arte
na esquina da vida
cruzou com um cientista.
Desse encontro
Nasceu o artista.
A ciência
sentiu-se sozinha
foi falar com o artista.
E assim surgiu o cientista
Foi uma mistura genial
Do emotivo
com o racional.

O que importa é estar bem, seja de ambos os lados. Uns voam por cima outros pousam de lado. Se ver a cena fica ainda mais engraçado, um coração voador um pé assolado...


Vôo aéreo
Quando tirar os pés do chão
Segure as pontas do coração.

A mistureba de palavras dá em poesofia. Poesias filosóficas em equilíbrio e sincronia. Um pedalar constante de órgãos e maquinarias...

Biciclointeiro
Pedais
Olhos
Acento
Pernas
Guidão
Ouvidos
Freios
Mão
Raios
Cabeça
Corrente
Coração
Bicicleta
Gente
Ciclo
Relação.
Um olhar quase cego às vezes vê de tudo, pela fresta aberta num rastro mudo. Quando passo as mãos, vejo na pele o que vai além do chão ...

Olhos
O que vejo
Além do mundo
Olhos...
O que lá no fundo
Você revela
Olhos...
Infinito é seu horizonte
Olhos...
Que me mostra
Toda a vida nos
Olhos...

As vezes é muita mais que sentidos e informação. É uma pequena e grande contaminação. Estamos no meio disso tudo, como a poesia na imaginação. Um moldando o outro aos poucos...


Desenh-in-forma-ação
Cada forma
Tem seu próprio espaço-tempo
Que se transformam
No macro e microcosmos
Ao mesmo tempo...
Uma forma-deforma a outra
Com in-formação...
A ação no espaço
desenha a contraforma
e esboça a imaginação...

E no meio disso tudo e a cada momento, a mente mente os contornos tortos do universo, da Terra, do corpo, da alma que pensa. Um planeta de idéias e palavras que se mexe, remexe e deixa rastro por meio próprio, em conjunto aos meios de outros.

Mim Ambiente
Meia Gaia
Meio Mãe
Mãe da gente
Meio Terra
Meia Água
Miríades do Cosmos
Planeta mente

Mas mesmo assim, o movimento está presente sempre. Entre as palavras, entre a boca, entre o coração. O movimento da vida, nos seus momentos de graça, fantasia as angústias e realidades que não se movem muito. O sofrimento do povo, a pobreza e a luxúria do novo.

Movendo Montanhas
Então Moêmia
Entre a moela
Quantas moedas
Poucos móveis
Estou moendo
Esta macumba
Eta muamba
Entamoeba
Eta moleque ameba !


As vezes o melhor é ficar calado, mas não por muito tempo. A solidão em ocasiões faz bem. Repensarmos a vida nesses momentos nos torna recicladores de vida, de sonhos e vontades da luz.

Mar ditando
A solidão
é tão quieta
e tão pura
que escuto
nas ondas
o que meu
coração procura.

O poeta a procura de assunto faz um desenho no ar. Esquece-se no silêncio e acha o verso no inverso. No contrário e no diferente, onde se altera um do outro – alteridade.O diferente que é parecido comigo mesmo.

In-verso
Escuta esse silêncio
Esse gosto doce de limão
Essa noite com sol
Essas controvérsias
Nesses versos contra
Leia-os de olhos fechados
E verá que isso existe
Que seu sonho é realidade
Do universo que se fala
E inverso que se vive.

E ainda dizem que as coisas não são mesmo loucas. É lógica que é, o caos da lógica é a poesia em transformação. O que fica é a vida em processo de aprendizagem. De todos os lados, o sentido são muitos e qualquer conceito é pura ilusão.

O aluno do mestre
A vida me faz mestre
e sendo aluno aprendo,
que a vida tem muito pra ensinar
Que o professor aprende com os alunos
isso já sei e não sou mestre
Que se cansa de ensinar
mas não se cansa de aprender
Nas lições do dia-a-dia
me torno mestre
No exato momento
que descubro ser aluno.

13 novembro, 2005

Poesias recicladas


Poesias Recicladas – 19/07/2002

No lixo
Nem lixo
Me lixo

Seu papel
É um lixo
Reciclado
Ser papel
Que usa
e lambusa
é luxo
que usa
rasga
e joga
é lixo


vício: fome, fala, fuma, fode

Me fume
Por favor
me fume
sou seu vício
de desejos
dissolvidos
Dentro e fora
De corpos
Espalhados no ar....


Reciclagem Humana
Refazer a vida
Refazer um som
Refazer poemas
Refazer um dom
Refazer caimnho
Refazer carinho
Refazer amor
Refazer alegria
Refazer a família
Refazer os sonhos
Refazer o espírito
Refazer o lixo
Refazer o mito
Refazer o escrito

O ciclo da Vida
A Grande Árvore
Solta suas velhas cascas
Recicla...
Para nascer nova-mente inteira
Na próxima estação

O olhar triste da natureza
Muito lixo foi jogado no rio
O peixe olhou pro homem e sorriu
A natureza incontestável interagiu
Olhou pro lixo, olhou pro peixe, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem achando certo, olhou pro lixo, olhou pro peixe e sorriu
O peixe que nada entendia, olhou pro lixo
Olhou por cima, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem que comia o peixe
Foi pescar o lixo que sorriu
Pois do seu olhar o peixe sumiu.

O boto e o menino
Um dia o boto apareceu
Menino
Menino sorriu, pulou e brincou
- Boto posso brincar contigo?
- Tá doido menino?
Tenho que trabalhar
Evite jogar lixo no rio
Para um dia nós brincar
O boto já foi indo
E o menino foi pensar
Será que o boto é lixeiro
Ou ele gosta de nadar...

Reciclagem do tempo
Papel reciclado
Reciclei
Fiz um poema
e colei

senti tudo acontecendo
no meio ambiente
me notei

uma pergunta apareceu
e quase enrolei

será que o tempo
é reciclável ?
por um momento
imaginei
26.06.99

12 novembro, 2005

Poesias em Movimento


POESIAS EM MOVIMENTO
Juliano de Paiva Riciardi

Equilíbrio Dinâmico
Pedais
Olhos
Acento
Pernas
Guidão
Ouvidos
Freios
Mão
Raios
Cabeça
Corrente
Coração
Bicicleta
Gente
Ciclo
Relação


Volta Criança
Eita outra vez
O adulto se desfez
E fui andar descalço na chuva
Jogar bola na enxurrada
Com a minha moçada
Andar pela calçada
Fui pegar gripe e bicho-de-pé
Para algum adulto me xingar
Fui estragar a paz dos injuriados
Dos velhos ranzinzas e suas rugas de preocupação
Fui brincar com minha criança
Que de vez em quando
Caia de bicicleta
Mas não perde a esperança.

Ilusão
Enquanto sonhava
Pensei que vivia
Pensei que pulava
Enquanto caia
Quando chorava
Na verdade sorria
Na verdade estudava
Enquanto aprendia
Imaginei eu parado
Na verdade corria
Viajando em seu mundo
Percorri os meus dias
RETRO VISOR
Quando me ponho a expressar
me perco numa derrapada curva da vida
que me apresenta de repente à frente...

Escapada triunfante da alma
desenhada em letras, palavras, frases
e meio poesia de estrada
... melodia...
... melo dia ...
meio dia

Com nadadeiras de tartaruga
mergulho fundo em palalgas marinhas
que me aninha em seus entremanhados seios

Quando me proponho amar
escapo das idéias calculosas pelo retrovisor - retro visão –
de uma bicicleta em movimento...

...me sento no à cento sendo embalado pelo vento...

A Arte dos Descobrimentos
Das revelações profundas
Espanto das almas
E a consciência do que não tinha
O despertar de outros
De Eus
Na revelação de filmes
De negativos a positivos
De algumas coisas ainda
Misteriosas...
Em maneiras diferentes de
Viajar, de tratamentos,
De gostos adquiridos
Nesta transformação contínua
Do dia-a-dia, de adaptação
E pé na frente, dedo no asfalto,
Pedaladas persistentes e
Dedicação
Pouca recusa ao não
Força na fé de Deus, decisão
A arte de descobrir a direção.


A lembrança de tempo
Dá saudade do espaço
Amizades à distância
Nesta estrada é o que faço.


BICICLOINTEIRO
Sou um ciclista errante
Que tromba de cara com a vida
Meu ciclo é sempre constante
Renovado pelo caminho...

Adormeço em braços e barracas
Nas fogueiras de luas cheias
Escuto a natureza e araras
Surpreendente por sua beleza

Sou um ciclo vicioso
Sedento por aventura
Viajo pelas estrelas
Mochileiro, vôos distantes

Mantenho minhas relações
Como os ciclos amores
Tento passar liberdade
Felicidade além dores

As ciclo interações humanas
que troca, cativa, me toca
Como pele queimada do sol
Escurece, forte e acende.

Meu pedal é com muito cuidado
Me arrisco se precisar
A estrada sou eu quem traço
Por mapas e derivas

Minha bagagem são necessidades
Que quero saber tratar
Se cidadão do mundo sou
Vou me ciclo reciclar...


A Vida é uma Bike Dupla
Um dia saí para pedalar
Eu e a magrela.
Encontramos muitas coisas assim
Outros assados...
Mas tudo que vimos
Foi engraçado
Um momento do futuro
E outro do passado
Minha bicicleta queria mais
Passear pelo Brasil
Da Amazônia ao Cerrado
Íamos dia a pós dia
Conhecendo cobras e veados
Sempre com o sol na cabeça
Pessoas humildes ao nosso lado
Foi uma pedalada e tanto
Alguns pneus furados
Raias, aros,
Cabos e câmbios trocados
Eu e minha magrela
Descobrimos uma aventura
Armamos a barraca
Na mãe Terra natureza
Respeitando sua vontade
Viajamos com firmeza
Teve chuva, teve vento
Barraca molhada e tormento
Foi uma grande brincadeira
De criança grande
Mas sem mamadeira
Percorremos muitos mil quilômetros
Até gastar o pneu
Foi quando percebemos
Que estávamos muito longe,
com sono
cansados.
Só ela
e Eu



Infinito horizonte
No pedal
De onde vem o vento
E nem vento contra existe
Um movimento para frente
E outro momento insiste

Vôo aéreo
Quando tirar os pés do chão
Segure as pontas do coração.



Seguimos reto mas fazendo curvas...

Olhos
O que vejo
Além do mundo
Olhos...
O que lá no fundo
Você revela
Olhos...
Infinito é seu horizonte
Olhos...
Que me mostra
Toda a vida nos
Olhos...

Gestal Aventura
São fortes as emoções com que estou acostumado. Os ventos-vendavais, no mar, soltam a imaginação pelos cabelos rebeldes no ar. O sopro azul e forte que mostra o caminho dos aventureiros descritos em diários de bordo. Desenhos de paisagens imaginárias surgem na curva do mundo. A intensidade é um contraste, de correntes dinâmicas de múltiplos fluídos. O movimento ação é o momento, tempo, espaço e deslocamento. No viajar suave da brisa que desliza por cima, baixinho. Ou mesmo, um manso carinho que escorre do corpo todo, o sussurrar, o medo, o êxtase quentinho...


Retro Visor
Quando me ponho a expressar
me perco numa derrapada curva da vida
que me apresenta de repente à frente...
Escapada triunfante da alma
desenhada em letras, palavras, frases
e meio poesia de estrada
... melodia...
... melo dia ...
meio dia
Com nadadeiras de tartaruga
mergulho fundo em palalgas marinhas
que me aninha em seus entremanhados seios
Quando me proponho amar
escapo das idéias calculosas pelo retrovisor - retro visão –
de uma bicicleta em movimento...
...me sento no à cento sendo embalado pelo vento...


Acabei descobrindo
o descoberto
uma abertura
no tempo
mistérios
do universo !


Imaginação
de portas abertas
janelas ao vento
pronta para
bater asas
ao momento
louca desvairada
em seu movimento...
O Mundo de Cabeça prá Cima
Em voltas tortas
E revira voltas
Me arreto
Assim,
No dia seguinte, confesso
Que o avesso do que faço
É um terço
Da metade
Do que desejo
Desta vida
que me traço



Poucos movimentos
Uma só ação
Ventos que carregam areias
Tudo por conta da emoção.


Viagens de Passarinho
Hoje voei mais cedo, não gosto de falar da real-idade, gosto de criar maneiras novas de in-ventar mundos.
In-vento-mundos....

As vezes gosto de ficar mudo, não ter o que falar, não querer falar. Gosto de escrever o que penso, o que passa, por de dentro de mim. Gosto de escutar música e viajar na melodia, como uma sinfonia da vida que consegue nos carregar. Um vídeo clip do qual somos o personagem central, descentralizados...

... o som nos enche de vontades e ações que não serão possíveis, outras vezes, sim. O violão de fundo preenche um vazio infinito que se dissipa no ar. O ritmo, feito fogo, aumenta aos poucos, acelerando o coração, uma louca paixão invade o ser total numa velocidade da luz, que grita, pula e mexe com todos os sentidos.

A alegria instantânea chega a impulsionar os desejos e liberta a alma no vácuo puro. Estamos soltos para uma queda livre, sem as barreiras do vento, sem assobios e acentos.

Rachar a cara de quem ficar por perto, espatifar no chão no ritmo certo do salão. Realçar o instante com as mãos, único momento, que pode não ser, nunca mais...

... cuidar com carinho o rosto fadigado, em sangue escorrido e figuras mutiladas ao nosso lado, sem mudas de roupas, maltrapilhos do destino, meio fio cortante em fatias desiguais de um pobre menino.

Desejos concebidos desprovidos de sentidos, para lá e para cá, rodeados de cinismos, circuitos viciosos, várias facas de muitos gumes. Entra no corpo arrebentado de ser descorporificado. A máquina que produz desejos desjeitosos, espera os filhos nossos, os próximos...

Agüentar sem fuga pode não ser a saída, quando a vida se apresenta de frente, de peito aberto, acertar no alvo, da emoção, de um coração por perto...

Se perder do caminho pode acontecer. Ao saber que estamos sem rumo, os abraços remam sem direção, atraca aos poucos no corpo, de uma nova paixão...

Posso até amar a solidão, e assim mesmo, te dar as mãos. Posso amar sua boca, dizendo besteiras, amar ao seu lado ou mesmo distante, e de várias maneiras. Podemos nos completar em viagens cósmicas, como os dois passarinhos que querem se conhecer...

E nesse meio caminho, promovem juntos uma revolução. Agüentar o vácuo de um buraco aberto em nossos espaços, com medo e prazer, escolhermos uma suntuosa árvore para estabelecer o ninho ...

Dar um rasante com a corrente de vento para depois nos equilibrar, o tempo passa em nossas asas em outro rasante pra não ficar sem graça, uma pirueta outra rodopiada, para encantar a vida, e a namorada.

O fogo que acende o coração estampa um sorriso alegre contaminando o entorno. Amar é revolucionar o todo. Chacoalhar os esqueletos humanos, desmascarando-os seus planos, num pano de fundo profundo...

Desejar um beijo gostoso, meloso, mil possibilidades do gozo. Poder beijar seu rosto fervoroso, no contato imediato que não deseja desato... Imaginar nós dois colados, rodopiados, adormecidos no ninho, quentes e entorpecidos...